Tema foi o ponto alto do Workshop RTI Compartilhamento de Postes, que também tratou das normas de segurança do trabalho no setor de telecomunicações. Paralelamente, o congresso RTI Cabeamento e Instalações abordou normalização e desafios na instalação de cabeamento em edificações históricas, entre outros temas técnicos relevantes
São Paulo, 9 de agosto de 2024 - Com a presença de 4 mil profissionais do setor, 1.250 congressistas e 80 expositores, a 11 ª edição do evento NETCOM terminou na quarta-feira (7), unindo feira e congressos técnicos – ambos com entrada gratuita. A programação de painéis e palestras se encerrou com a realização do Workshop RTI Compartilhamento de Postes e docongresso RTI Cabeamento e Instalações. “Tivemos um dia que foi bastante completo em termos de assuntos, com uma grade abrangente. A ideia foi trazer novos conhecimentos aos participantes e desenvolver discussões sobre o futuro e encerramos o evento com os objetivos atendidos. O NETCOM é essencial para o mercado brasileiro, porque é o único lugar que reúne profissionais desse setor com uma ampla cobertura e, o mais importante, com um olhar técnico sobre os assuntos tratados, com pouca ou nenhuma importância a questões de marketing ou comerciais”, avalia o engenheiro eletricista Paulo Marin, doutor e mestre em engenharia elétrica em interferência eletromagnética e propagação de sinais; e coordenador do RTI Cabeamento e Instalações.
O painel Avanços e Oportunidades no Compartilhamento de Postes trouxe uma acalorada discussão sobre um tema complexo e urgente – a infraestrutura de postes – e foi acompanhado por uma plateia lotada. Helcio Binelli, sócio-diretor na PGB Security, iniciou o debate falando que o imbróglio remonta a 2015 e de lá para cá só piorou. Representantes do setor de telecom concordam que é necessário um consenso definitivo entre os setores elétrico e de telecomunicações, com base no modelo já aprovado pela ANATEL (Agência Nacional de Telecomunicações). “O poste é reflexo do País, a culpa é do outro. Esse jogo de empurra-empurra tem que mudar e o que foi decidido tem que avançar. A responsabilidade é de todos”, argumentou Luiz Henrique Barbosa, presidente da Telcomp.
Já Ana Carolina Silva, consultora de regulação da ABRADEE (Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica), afirmou que soluções precisam ser mais discutidas “Precisamos debater mais firmemente novas tecnologias para aumentar a infraestrutura de acessos. Além disso, é necessário atribuir responsabilidades, custos e punição. O preço regulado é visto como algo positivo e que pode reduzir conflitos”, disse. “Hoje temos melhor segurança jurídica e um decreto. Entendo que o explorador é a possibilidade que temos de avançar”, falou Kátia Pedroso, sócia e diretora da TELCONSULTORIA. Sidney Simonaggio, sócio-proprietário da Simonaggio Soluções Empresariais, acredita que a única solução possível seja um operador neutro. “Esse é o único modelo que vai trazer uma solução. Posteiro para fiscalizar é impossível”, argumentou. “As duas agências têm que conversar a esse respeito. Talvez a Aneel tenha oportunidade de rever e dar sequência porque a sociedade clama por uma solução", completou Barbosa.
No painel Explorando as novas normas de segurança do trabalho, foram apresentados números de acidentes de trabalho no setor e discutidas propostas para reduzir essas estatísticas. De acordo com dados do Anuário Estatístico de Acidentes de Origem Elétrica 2023/2022 (ABRACOPEL) trazidos por Rogério Moreira Lima, entre 2017 e 2022, houve um aumento de 440% de vítimas fatais por choque elétrico na rede aérea de distribuição. “A grande maioria descumpre a norma, seja por interesses ou desconhecimento das premissas do trabalho”, segundo Aguinaldo Bizzo, consultor em segurança e saúde ocupacional e membro do GTT da NR10. Um dos pontos levantados foi a questão dos custos envolvidos nesses incidentes. “Segurança do trabalho é uma necessidade, pois estamos cuidando da saúde financeira da empresa também. É melhor investir em preparo do que reparo”, afirmou Gianfranco Pampalon, ex-auditor fiscal do trabalho e membro do CNTT da NR 35, mostrando todos os custos decorrentes de um acidente.
No painel IA na infraestrutura de telecomunicações, uma interessante discussão ocorreu sobre as inúmeras possibilidades da inteligência artificial. “IA pode ser muitas coisas. Temos os modelos de linguagem como o chat GPT, a IA generativa, mas existem outros milhares de algoritmos que não foram democratizados. Mais provavelmente até a próxima década teremos a inteligência artificial geral, que vai projetar as próximas gerações”, falou Antonio Marcos Alberti, pesquisador e professor do Inatel (Instituto Nacional de telecomunicações), que acredita que a realidade da infraestrutura de postes é reflexo da sociedade atual, de como os coletivos funcionam e se organizam, herança da era industrial, quando o lado humano ficava de lado. Daniel Moura, CEO e Fundador da PIX Force.AI, apresentou as principais soluções da empresa “Já utilizamos IA para inspeção de postes de forma rápida e eficiente”. Cibelle Mortari Kilmar, integrante do IWB (Infra Women Brasil) no setor de telecomunicações, falou sobre os aspectos jurídicos envolvidos. “Já avançamos bastante na regulamentação da IA. Estamos no caminho certo. Precisamos ter esse fenômeno social tutelado”.
Dentro do congresso RTI de Cabeamento e Instalações, aconteceu a palestra sobre a norma ABNT NBR 16869-5:2024 para redes POLAN, com Emílio Scalise, CEO da Tellnet. A nova NBR especifica os requisitos e as recomendações para a infraestrutura de PON, redes ópticas passivas usando fibras ópticas monomodo.
Inteligência artificial e data centers: oportunidades para o Brasil
Na terça-feira, dia 6, foram realizados os congressos RTI Data Centers e RTI Provedores de Internet. No primeiro, Luis Tossi, vice-presidente da ABDC (Associação Brasileira de Data Center) iniciou o painel Como as aplicações de IA estão afetando a estrutura de cabeamento lógico dando uma dimensão do tamanho do segmento que, com a chegada da IA, deve crescer mais 30% ao ano. “Estamos entrando em um superciclo de tecnologia, movido pela inteligência artificial. Uma era em que as indústrias como um todo vão mudar, impulsionadas pela IA generativa”, analisou. Assim, todos os setores têm potencial de expansão. “Estamos em pleno desenvolvimento de soluções para até 1,3 TB, a fim de atender às exigências da inteligência artificial. O futuro a gente constrói agora”, disse Eli Batista, country manager da Siemon do Brasil.
Sobre o futuro tecnológico no panorama de IA, Tossi falou sobre o potencial do País: "o Brasil é um país de muitas riquezas, com uma abundância de energia, além de termos uma matriz energética extremamente 'clean', verde e com fontes renováveis. E estamos abertos, tentando mostrar para o mundo que temos essa energia disponível para alimentar, principalmente, os grandes data centers que estão chegando para sustentar o serviço de IA. Então, esperamos atrair esse investimento para o Brasil”, concluiu.
No painel Aplicações, hardware e soluções para o mercado de IA, Marcel Saraiva, gerente regional de vendas da NVIDIA Enterprise, e Emerson Felipe, diretor comercial da Seal Sistemas de Tecnologia, reiteraram as grandes oportunidades geradas pela IA não só no segmento de data centers, mas em todos os setores. “Vivemos um momento único de tecnologia que vai impactar indústrias de todas as áreas”, afirmou Saraiva. Emerson Felipe, por sua vez, disse que esse movimento já começou: “a IA não é o futuro, já está acontecendo”. Isso torna o mercado de trabalho muito mais dinâmico. “Aquele que se capacita e aprende primeiro sai na frente. Os ciclos são mais acelerados, o que acaba mudando todo o nosso ecossistema”, disse Saraiva.
Dentro do painel Inteligência artificial no data center edge e mini-edge, Eduardo Shuto, Corporate Development & Strategy Director LATAM da Equinix, situou o Brasil em uma posição privilegiada no mercado de data centers, com oferta de mão de obra, boa matriz energética e potencial de liderar o treinamento de IA. O principal desafio na visão dele é criar leis de incentivo. Sobre a participação no congresso, Shuto afirmou: "é muito importante discutirmos sobre inteligência artificial em um evento como o NETCOM, porque é um dos assuntos mais falados nos dias de hoje. Além disso, acredito que o Brasil tem uma oportunidade muito grande de ser uma região com papel fundamental, principalmente, no treinamento de IA. O País pode ser um dos hubs globais nesse sentido”. Rogério Mariano, Global Head, Edge Network Planning da Azion, afirmou que será necessário cuidar da infraestrutura de telecom e conectar milhares de cidades.
No painel Estratégias de gestão e serviços em telecomunicações do congresso RTI Provedores de Internet o debate esteve centrado no relacionamento dos pequenos provedores com o cliente e a importância dessa interação para o êxito do negócio. A conversa foi mediada por Henrique Carmine, gerente de estratégia corporativa da American Imports, que iniciou a conversa falando sobre a necessidade de os pequenos provedores fidelizarem o cliente e manterem a competitividade e a relevância. “O desafio dos grandes provedores é a personalização, a experiência oferecida ao cliente, o foco não está na infraestrutura”, na opinião de Jesaias Arruda, vice-presidente da Abranet (Associação Brasileira de Internet). “É necessária uma mudança estratégica, na qual a visão do cliente deve fazer parte das reuniões e dos planos. A partir daí, oportunidades serão descobertas”, analisou Douglas Conrad, CTO da Opens Tecnologia.
Presença feminina na área de telecom
O workshop Compartilhamento de Postes contou com a participação de três palestrantes mulheres: Ana Carolina Silva, consultora de regulação da ABRADEE (Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica), Kátia Pedroso, sócia e diretora da Telconsultoria e Cibelle Mortari Kilmar, integrante do grupo IWB (Infra Women Brasil) que reúne profissionais de telecomunicações, um setor que conta com a presença de 20% de mulheres. “Queremos paridade e representatividade”, afirmou Cibelle.
Outra presença feminina no congresso foi Karine Mansour Soares, CEO da Mansour Consultoria, que participou de painel sobre a IA no provedor, realizado na terça-feira, dia 6. Técnica em telecomunicações e engenheira elétrica, ela comemora a crescente participação de mulheres na área. “Como representante do setor de telecomunicações há mais de 23 anos, passei por diversos segmentos e vejo que isso tem crescido cada vez mais, estamos nos capacitando e existem engenheiras elétricas fantásticas. Incentivo todas a estarem em eventos como o NETCOM.”
Feira: expositores nacionais e internacionais
Com estandes de empresas nacionais e internacionais, a feira ofereceu um panorama das soluções mais recentes para o mercado de telecomunicações. Entre os expositores, estarão fornecedores de fibra óptica, cabos, conectores, adaptadores, componentes, unidades fornecedoras de energia, mini data centers, racks e gabinetes, baterias e TV digital, entre outros serviços.
Para as expositoras nacionais, o NETCOM foi a oportunidade de apresentar suas tecnologias, compartilhar conhecimento e fortalecer o mercado brasileiro. Os internacionais, por sua vez, tiveram a chance de estabelecer e estreitar seu relacionamento com os clientes no País.
As associações parceiras do evento que estiveram presentes nesta edição também reconheceram o valor deste encontro entre os profissionais da área. Vagner Gianini, presidente da UBIC (União Brasileira dos Instaladores de Cabeamento), avaliou: “Nossa presença no NETCOM é muito importante, porque nos reconectamos com todos os fornecedores e, principalmente, os associados que estão na feira colhendo informações". Segundo Ivan Ianelli, presidente da Abeprest (Associação Brasileira de Empresas de Soluções de Telecomunicações e Informática), o evento faz parte do calendário da entidade. “Prestigiamos todos os anos e, em 2024, o evento foi novamente excelente, com palestras, painéis e apresentações imperdíveis. Além disso, muito se falou sobre novas soluções e tecnologias".
Sobre o NETCOM
O NETCOM é o ponto de encontro dos profissionais de infraestrutura de redes, cabeamento e telecom, reunindo feira e congressos técnicos em um mesmo ambiente. Em 2024 o evento foi realizado entre os dias 5 e 7 de agosto – no Expo Center Norte (Pavilhão Azul), em São Paulo – com uma programação que abrange toda a cadeia produtiva do segmento, incluindo indústria, distribuidores, instaladores, operadoras, data centers, provedores de Internet e usuários corporativos de TI.
Especialistas, pesquisadores e profissionais atuantes no mercado compartilharam seus conhecimentos, por mais de 30 horas, nos congressos que compuseram o evento: 2° Congresso RTI de Fibra Óptica; 14° Congresso de Provedores de Internet; 15° Congresso RTI de Data Centers; 2° Congresso de Cabeamento e Instalações e 3° Workshop de Compartilhamento de Postes.
Entre as questões técnicas, foram abordadas novas normas de segurança de instalação, estratégias de migração de redes e desenvolvimentos de padrões abertos, inteligência artificial, IoT – Internet das Coisas, 5G e a gestão dos provedores de Internet em um ambiente competitivo e cada vez mais consolidado.
O NETCOM é uma realização da Aranda Eventos, empresa com 30 anos de experiência na organização e coorganização de eventos como as feiras e congressos Intersolar South America, Data Centers e Provedores de Internet.
A promoção e a curadoria de conteúdo contam com o suporte da revista RTI - Redes, Telecom e Instalações, primeira revista direcionada aos profissionais de infraestrutura de redes e telecom lançada em 2000 pela Aranda Editora. O evento também contou com a parceria do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br) e das associações Associação Brasileira de Data Center (ABDC), Associação Brasileira de Empresas de Soluções de Telecomunicações e Informática (Abeprest), Associação Brasileira das Empresas e Profissionais de Engenharia das Comunicações e Infraestrutura (Aberimest), Associação Brasileira de Infraestrutura e Serviços Cloud (Abracloud), Associação Brasileira de Internet (Abranet), Associação Brasileira dos Operadores de Telecomunicações e Provedores de Internet (Abramulti), Associação Brasileira das Prestadoras de Serviços de Telecomunicações Competitivas (TelComp) e União Brasileira dos Integradores de Soluções de Engenharia (UBIC).
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